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Gustav Klimt: the complete Paintings

Não sou um especialista em Arte, mas como livreiro me dou a “Licença Poética” para dividir as descobertas que faço na livraria, entre um leitor e outro, e faço exatamente isso agora com: Gustav Klimt: “The Complete Paintings”. Peguei esse livro outro dia e ao folheá-lo – comprei. Sim, isso também faz parte. Nem sempre indico e vendo, mas também compro- e bastante. E cá entre nós, livro da Tashen mostrando a obra do autor é uma joia rara. Esse já está aqui em casa!

Mas vamos a algumas linhas sobre Gustav Klimt!

Pois é, a presença de Klimt alcançou visibilidade em um novo cenário intelectual e artístico que despontava em Viena, no início do século XX, um reinado idílico que precedeu à grande tragédia da Primeira Grande Mundial. Klimt rompeu com o academicismo e flertou com diversas escolas. Incorporou a escola Art Noveau, cujo estilo surgiu na Europa por volta dos anos de 1890, e influenciou as artes plásticas e a arquitetura. Um estilo decorativo que estilizava formas de animais e vegetais. Foi o período dos vitrais, vasos, luminárias, joias e móveis excêntricos e requintados.

Nesse período, Viena tornou-se um polo das principais conquistas artísticas da Europa. Alguns ilustres austríacos tornaram-se fundamentais nas conquistas artísticas, científicas e intelectuais. Friedrich Adler que desenvolveu a teoria do austro marxismo; Ludwig Wittgenstein desenvolvia os rudimentos do positivismo lógico; Sigmund Freud que assentava as bases da nova ciência da psicanálise, Arnold Shoemberg que estabeleceu uma nova teoria musical baseada em uma escala dodecafônica, isso tudo sem falar em Robert Musil, dentre muitos outros. Viena era a capital das grandes inovações e reunia a intelectualidade da época.

Gustav Klimt nasceu em Baugardem, em 14 de julho de 1862. Desde cedo o seu contato com as artes era intenso. Filho de uma mãe que almejava ser cantora de operetas, mas devido as condições financeiras aliadas a uma numerosa família teve seus sonhos frustrados. Seu pai trabalhava como ourives meticuloso, fato esse que influenciou Klimt. Apesar da pobreza, nada mais tranquilizador que uma família com um núcleo sólido. Todos os sete irmãos foram estimulados a seguir as artes. E foi assim que aos 14 anos Klimt conseguiu uma bolsa de estudos na Escola de Artes Aplicadas, em Viena, devido a excelência técnica de seu desenho. Ao contrário das escolas tradicionais, a Escola de Artes Aplicadas desenvolvia um ensino inovador, integrando a formação em Belas Artes às disciplinas técnicas, como artes gráficas, ourivesaria, desenho industrial, cenografia, arquitetura e decoração de interiores. Tudo isso sob a orientação dos anseios da burguesia liberal vienense em fazer frente à visão de mundo da aristocracia, impondo sobre ela a sua própria visão artística.

Na escola Klimt fez amizade com Franz Matsch, com quem, por indicação de seus professores fazia trabalhos remunerados fora da escola. Projetos foram feitos até que seu irmão mais novo, Ernest, entrou para a turma. As encomendas não paravam mais. O trio aos poucos foi ganhando notoriedade entre a burguesia realizando diversos projetos decorativos com um forte teor historicista. O momento crucial do trio se deu quando o próprio imperador Francisco José I encomendou um projeto para o Burgtheater vienense. A partir daí, medalhas e mais encomendas ambiciosas foram sendo realizadas plenamente e com louvores, como o Museu de História da Arte, destinado a abrigar a coleção imperial. Os três conceberam quarenta painéis representando o desenvolvimento da história da Arte desde o Egito até a Renascença italiana.

Desses 40 painéis, 11 foram pintados por Gustav Klimt. E uma mudança começou a acontecer em seu trabalho a partir da introdução de elementos contemporâneos como "A jovem rapariga de Tânagra". Esse trabalho mostra uma mudança de rota nos trabalhos de Gustav.

Mas se as coisas começavam a deslanchar, algumas nuvens escuras começaram a pesar sobre sua vida a partir da morte de seus pais e de seu irmão Ernest. Como não poderia deixar de ser, uma crise profunda abalou o artista que vivenciou seu luto ficando meses sem pegar em um pincel.

No entanto, o tempo do luto na medida em que acontecia também fazia surgir algo novo em sua visão de mundo e trabalho. As reflexões tomaram conta dele. E essas reflexões tinha um nome: Os simbolistas. Algumas exposições realizadas em Viena, por Max Klinger e Max Liebermann, do suíço Arnold Blocklin e do escultor Auguste Rodin culminaram com o fim da parceria que mantinha com Matsch e a reformulação inteira do seu estilo.

Nessa época, temas como “A Tragédia”, “Amor” e “A Escultura” estavam impregnada da estética simbolista e a partir dali representações de figuras femininas, elementos decorativos abstratos e a profusão do dourado iriam marcar a sua obra. Criando uma linguagem de símbolos.

Em sua viagem a Ravenna, em 1903, ele conheceu os mosaicos bizantinos e as decorações brilhantes e anti naturalista que iriam influenciar seu trabalho para fundos de ouro. O aspecto mais marcante de seu trabalho é a continuação da presença feminina, o que para ele representa o enigmático: sexualidade e erotismo estarão no centro de sua arte.

O final do século, em Viena, marcaria Klimt ao criar uma associação em 1897, por artistas de vanguarda conhecidos como “Secessão de Viena” que presidiu por algum tempo. O objetivo desse grupo era a arte acadêmica e conservadora que ainda reinava em Viena. Com isso o modernismo chega a Viena por seu intermédio.

Em o Beijo, uma de suas mais conhecidas obras, ele mostra um quadro misto de suas mulheres, desta vez a mulher dá ao homem, sempre visto como um ser ativo, a força principal - o beijo.

As visões de Klimt são cheias de vida e ao mesmo tempo, a morte e os ciclos de vida da humanidade e o sentido da vida e da morte fazem parte de suas obsessões em muitas obras, como no Friso de Beethoven e nos mosaicos Stoclet Palace.

Gustav Klimt: “The Complete Paintings”, por Tobias Natter, da Editora Taschen é um convite maravilhoso para conhecermos a obra desse grande artista. Eu não resisti. Meu Klimt já está em casa. Confira algumas imagens desse livro que não pode faltar na sua estante.


Data: 08 agosto 2016 (Atualizado: 08 de agosto de 2016) | Tags: Arte


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Gustav Klimt: the complete Paintings
autor: Tobias G. Natter
editora: Taschen
gênero: Arte;

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