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O Velho e o Mar

Ernest Hemingway nasceu em Oak Park, Illinois, Estados Unidos, no dia 21 de julho de 1899. Filho de médico, acompanhava o pai na visita aos doentes. Nunca quis cursar uma Universidade, resolveu seguir a carreira de jornalista. Aos 17 anos já escrevia para um jornal em Kansas City Star. Deixou o jornal após seis meses para se juntar ao Corpo de Ambulâncias da Cruz Vermelha durante a Primeira Guerra Mundial, onde foi ferido e recebeu a Medalha de Prata de Valor Militar. Depois disso ele morou em Ontário e Chicago, onde conheceu sua primeira esposa, Hadley Richardson. Em 1921, eles se mudaram para Paris, onde iniciou uma longa amizade com Scott Fitzgerald e outros escritores americanos.

Em 1926, escreve seu primeiro romance, “O Sol também se levanta”. Hemingway se divorciou de Hadley e casou-se com Pauline Pfeiffer, natural de Arkansas, e mudou-se para a Flórida. O pai de Hemingway suicidou-se em 1928 atirando em si mesmo. Durante a Guerra Civil Espanhola, mudou-se para a Espanha para servir como correspondente de guerra, um trabalho que inspirou o livro “Por quem os sinos dobram”. Após sua publicação, ele conheceu sua terceira esposa, Martha Gelhorn. Serviu como correspondente de guerra na Segunda Guerra Mundial.  Em 1946, Hemingway se casou com sua quarta e última esposa, Mary Hemingway, e o casal mudou-se para Cuba, onde morou por 14 anos. Após a mudança final para Idaho, Hemingway tirou a própria vida em 1961, deixando para trás esposa e três filhos.

Vivendo em Cuba no final dos anos 1940, um dos passatempos de Hemingway era pescar em seu barco, o Pilar. Esse passatempo aparentemente simples contrastava muito com os turbulentos acontecimentos de sua vida que precederam sua estada em Cuba. Como já foi dito, Ernest Hemingway serviu na Primeira Guerra, na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial, quando testemunhou a libertação de Paris e o cisma do Partido Comunista Cubano. Tendo testemunhado a morte e as tragédias humanas de várias formas, o sentimento humano de desilusão foi acrescido por sua luta de 10 anos com a escrita que precedeu a publicação de “O Velho e o Mar”, livro que lhe valeu o Prêmio Pulitzer, e mais tarde, pelo conjunto da obra, o Prêmio Nobel.

Feita essa brevíssima biografia, vamos ao principal. Vamos à história? Na costa de Cuba, perto de Havana, um velho pescador viúvo chamado Santiago não consegue pescar um peixe há 84 dias. Seu aprendiz, Manolin, foi forçado por seus pais a procurar outro empregador com mais sorte. Manolin, no entanto, cuida do idoso Santiago trazendo-lhe comida e roupas e, em troca, Santiago conta a Manolin histórias sobre lendas do beisebol e sobre seus dias de juventude pescando em um barco na África. Todas as noites Santiago sonha com leões nas praias da África.

Na manhã do octogésimo quinto dia, Santiago parte antes do amanhecer para uma odisseia de três dias que o leva mar adentro. Sozinho em seu barco, na escuridão da madrugada, Santiago rema rumo ao mar. Ele ouve outros pescadores saindo em seus barcos, mas não consegue vê-los no escuro. Sua pescaria não está dando resultado. Resolve ir mais longe. Vai em direção ao alto-mar, em busca de um peixe grande.

O velho sabia que ia longe, sabia que deixava para trás a humilhação de sua vida deixando para trás o seu amigo Manolin. Ele inicia a sua busca solitária pelo grande peixe, o que afirmará a sua identidade de grande pescador, restaurará o respeito que havia perdido junto à comunidade de pescadores.

Enquanto rema, Santiago ouve os peixes voadores, que considera amigos, e sente simpatia pelas aves marinhas que (assim como ele) precisam pescar para sobreviver e enfrentar um oceano que pode ser belo, mas é traiçoeiro. Suas divagações aparecem de formas diferentes, uma delas quando se compara aos pescadores mais jovens.

Ele rema sem esforço, desliza na superfície do oceano, mas trabalhando com a corrente, deixando-a fazer o seu trabalho. Ele coloca suas iscas em profundidades precisas e as amarras e as costuras de modo que todo anzol fique escondido junto de uma saborosa isca para pegar um peixe.

Enquanto pesca, Santiago por vezes é atacado por um pessimismo. Mas ele rapidamente se lembra que precisa estar pronto para a sorte chegar. Santiago reflete brevemente que durante toda a sua vida o sol da manhã machucou seus olhos, mas se lembra que seus olhos ainda estão bons mesmo com os olhos feridos pelo sol. Ele segue os pássaros que, assim como ele, estão à procura de peixes, mas chega à conclusão de que nem os pássaros estão com sorte na pescaria.

À medida que o tempo passa, Santiago vê um pássaro circulando acima dele, quando vê um atum pulando no ar.

“Finalmente com um último puxão, trouxe o peixe para dentro do barco, onde ficou deitado ao sol na popa, com o corpo roliço e enormes olhos estúpidos a olha em volta, cansando-se rapidamente com as pancadas nervosas que dava nas tábuas da embarcação com sua cauda muito rápida e potente. O velho por compaixão, deu-lhe uma pancada na cabeça e depois um pontapé que o atirou par sombra da popa com o corpo ainda estremecendo, embora já morto.

“- Albacora, da família dos atuns – falou em voz alta.

- Será uma bela isca. Deve pesar menos de três quilos.

 Não se lembrava de quando começava a conversar a falar em voz alta quando estava sozinho...” (pág. 29)

 

Algo acontece, uma queda repentina em um dos bastões verdades anuncia o início de uma batalha. Segurando a linha delicadamente entre o polegar e o indicador, Santiago sabe que algo grande está comendo a isca. Ele solta a linha da bengala e deixa a linha correr entre os dedos. Santiago pensa no tamanho que esse peixe deve ter. Ele pede a Deus que o ajude, que o peixe morda a isca. Ele busca desesperadamente, através da sua experiência, explicações que indiquem que o peixe ainda está rondando a isca. De repente, Santiago sente algo duro e pesado, e permite que a linha se desenrole indo cada vez mais fundo. Ele supõe que o peixe vai virar e engolir a isca, mas tem medo de dizer isso, partindo da premissa que, se você disser uma coisa boa, ela não vai acontecer.

 “O velho já tinha visto muitos peixes grandes. Tinha visto muitos que pesavam mais de trezentos quilos e já pescara dois desses, mas nunca sozinho. Agora, só e tão longe da terra, ia defrontar-se com o maior peixe que lhe fora dado ver em toda a vida e sua mão esquerda ainda se mantinha cerrada e dura como a garra fechada de uma águia”. (pág. 47)

 Santiago pensa no tamanho desse peixe, e tenta persuadir ou forçar o peixe a comer a isca.

 “Como se sente, meu peixe? – perguntou em voz alta. – Eu me sinto bem, a mão esquerda está melhor e tenho comida para mais uma noite e um dia. Carregue o barco peixe”. (pág. 55; pág. 56)

À luz da segunda manhã, o peixe e a corrente puxavam o esquife para norte-nordeste, mas Santiago vê que o peixe nada a uma profundidade menor. Ele ora para que Deus deixe o peixe pular, para encher as bolsas de ar em suas costas para que ele não possa ir fundo e morrer, pois nesse caso ele o perderia.

 

“- Seria absurdo que eu traísse a mim próprio e morresse com um peixe desses nas mãos – disse. – Agora que estou quase dando cabo dele e que tudo está correndo bem só peço a Deus que me dê forças para aguentar. Rezarei uma centena de Padre-Nossos e uma centena de Ave-Marias. Mas não posso rezar agora.

“E com o se já os tivesse rezado”, disse.” Mas rezarei mais tarde.” Pouco depois sentiu uma sacudidela na linha que segurava com as duas mãos. Fora uma sacudidela violenta, dura e pesada” (pág. 65; pág. 66)

Era um peixe espada. Santiago diz a si mesmo que agora deve fazer o trabalho escravo de amarrar o peixe ao barco e trazê-lo para dentro. Santiago pensa no peixe como a sua fortuna, embora não seja por isso que deseja tocar no peixe. Embora pense no dinheiro que o peixe trará, Santiago pensa ainda mais no fato de que o grande Di Maggio estaria orgulhoso dele neste dia.

“– Preciso de um lápis para fazer conta – disse o velho. – Não tenho cabeça boa para contas. Mas penso que o grande Di Maggio se orgulharia muito de mim, hoje.” (pág. 73)

Mas não existe almoço grátis. Em uma hora o primeiro tubarão ataca. O ataque não é por acaso. Seguindo o cheiro de sangue, ele se aproxima. Ele é rápido e destemido. Seus dentes são longos, como os dedos do velho. O velho faz de tudo para impedir a aproximação com o arpão. Mas o tubarão vai sangrando lentamente. Santiago não suporta. Ele sabe que outros tubarões aparecerão atraídos pelo sangue.

“Gostaria que, afinal, houvesse sido tudo um sonho e que nunca tivesse pescado o peixe e que estivesse agora na minha cama deitada em cima dos meus velhos jornais” (pág. 77)

Mas ele rapidamente se lembra

“Um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado” (pág. 77)

Ao pôr do sol, os tubarões atacaram novamente, apesar de ter matado uns dois, mas tem mais rodeando o barco. Ele tenta não pensar no peixe que havia pego, e que agora estava arruinado. Ele sabe que Havana estará visível com as luzes da cidade. Sabe que chegará à cidade de manhã. Ele pede desculpas ao peixe.

“Meio peixe – falou ele. – Peixe que você já foi. Sinto muita pena de termos chegado a isto. A culpa foi minha. Arruinei a nós dois. Mas matamos alguns tubarões, você e eu, e ferimos muito outros. Quantos teria você matado, velho peixe? Não é sem razão que tem essa espada na cabeça” (pag86)

Ele sabe que está completamente derrotado. Ele encaixa o leme danificado e continua na direção de casa tentando não pensar nos tubarões. Ele sabe que o barco não está danificado. Seguindo as luzes em direção à costa, ele pensa que o vento pode ser amigo, que o mar tem amigos e inimigos, que sua própria cama pode ser amiga e que ser derrotado é muito fácil. E ele se pergunta o que realmente o venceu:

“Nada – disse em voz alta. – Fui longe demais.” (pág. 90)

No dia seguinte, Manolin encontra Santiago dormindo em seu barraco. Manolin fica radiante ao vê-lo, mas chora ao ver os cortes nas mãos dele. Ele traz café para Santiago, passando pela multidão de pescadores que se maravilham com o esqueleto gigante. Enquanto um grupo de turistas observa o esqueleto do peixe, Santiago volta a dormir sob o olhar atento de Manolin e sonha com leões.

“O velho e o mar”, de Ernest Hemingway, MERECE UM LUGAR DE HONRA NA SUA ESTANTE”.


Data: 04 janeiro 2023 (Atualizado: 04 de janeiro de 2023) | Tags: Romance


< Um País não é uma empresa Antígona >
O Velho e o Mar
autor: Ernest Hemingway
editora: Bertrand Brasil
tradutor: Fernando de Castro Ferro
gênero: Romance;

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