Livros > Resenhas

Headhunters

Citando o grande compositor Lupicínio Rodrigues, para ler “Headhunters” de Jo Nesbo é preciso ter “nervos de aço”. Um thriller daqueles de se perder o fôlego.  Quem começar a ler provavelmente irá dizer: fui enganado por esse cara que vos escreve. Mas na medida em que o livro avança e as reviravoltas inclusas na história vocês terão que planejar melhor a sua leitura e o seu dia, pois não conseguirão parar. Este livro foi publicado em 2008 e papou logo de tacada o prêmio de melhor livro do ano na Noruega. O filme não consegue fazer cócegas ao livro. Mas se quiser compará-los você está livre para fazê-lo. E depois me fale qual das versões conquistou a sua exigência.

Falemos um pouco desse escritor e suas proezas.


Jo Nesbo nasceu na Noruega em 1960. É músico, compositor, economista e um dos escritores policiais muito bem sucedido nas terras dos Vikings. Seus livros encontram-se traduzido em mais de 40 idiomas, recebeu vários prêmios literários e seus livros estão entre os mais vendidos. Hoje é considerado um dos escritores tops de linha nessa nova safra de escritores policiais nórdicos.

Vamos ao livro? Respire fundo e imagine o que vem para sua tela mental.

Roger Brown é um caçador de cabeças brilhante, conhecedor da profissão como ninguém, sabe escolher profissionais para colocá-los em cargos chaves em grandes empresas. Mas se você pensa que Roger Brown é um homem apenas cumpridor de suas obrigações, engana-se redondamente. Ele tem mais coisas a mostrar. É um homem também ligado às artes e por gostar tanto de artes, de quadros famosos, isso o faz um homem interessante, não apenas pelo apuro estético, mas por ter a qualidade de um ladrão internacional de obras de arte. Mas fico por aqui. Nada de pistas sobre o protagonista, salvo aquilo que não interessa, ou seja, aquilo que não vai interferir na história.

A trama acontece em Oslo, Noruega, onde Roger Brown encontra-se com executivos de aparências variadas e loucos por melhores posições no competitivo mercado do mundo corporativo. Um homem confiante. Mas suas inseguranças com a sua altura mediana, um metro e sessenta e oito centímetros, frente a sua deslumbrante esposa bem mais alta do que ele, chamada Diana, o fazem ter uma vida um pouco perdulária, além do seu padrão de vida, que é muito bom. Dedicado a sua esposa, disposto a fazer qualquer sacrifício para fazê-la feliz. Uma casa luxuosa, uma galeria fantástica, deslumbrante, e nababescamente dispendiosa para que Diana sinta-se confortável em seus sonhos estéticos e financeiros. Roger precisa de um extra para cobrir seus gastos.

Se a história parece nos conduzir a uma comédia de costumes, a coisa vira, e fica cada vez mais eletrizante. Em um dado momento Diana apresenta ao seu marido um holandês, Clas Greve, um candidato perfeito ao cargo de diretor geral da Pathfinder. Mas em seu currículo também consta um Rubens valiosíssimo, “A Caça ao Javali de Caledônia”. Roger Brown enxerga “o” grande momento de colocar sua vida em ordem – financeiramente falando – e planeja o grande golpe, a grande oportunidade. Só que o candidato ao emprego da Pathfinder não é como os outros candidatos, tem atributos complicados, um passado violento nas Guianas holandesas. Mas nada disso impede Roger de almejar o dinheiro do Rubens de Clas Greve. Tudo certo, tudo lindo e caminhando extraordinariamente bem, quando algo estranho acontece. O que? Não posso contar. Diana tem comportamentos estranhos, e seu “parceiro  de crime” foi encontrado morto no banco da frente do seu próprio carro. Clas Greve é um homem de várias qualidades questionáveis, inteligente, depravado e um caçador. O resultado de toda essa “melange” é que a sorte pode mudar o curso de todo esse roteiro. Mas que fique claro. Sorte de quem? Roger Brown ou Clas Greve? Quem viver verá.

Não se engane. O livro tem violência em doses nada homeopáticas, é violência sem anestesia. Jo Nesbo nos embala para uma sensação de falsa segurança, antes de trazer o tsunami que faz desabar todo o lustre delicado de vidas tão belas e fantasiosas da linda cidade de Oslo. Headhunters é um livro que vai mexer com a sua cabeça e para aqueles que gostam de um thriller “Welcome on Board”. Um livro que merece um lugar na sua estante. Um verdadeiro headhunter no sentido literário.


Data: 08 agosto 2016 (Atualizado: 08 de agosto de 2016) | Tags: Suspense


< “Caderno de roupas, memórias e croquis”: um delicioso livro de Ronaldo Fraga A infância de Jesus >
Headhunters
autor: Jo Nesbo
editora: Record
tradutor: Kristin Lie Garrubo
gênero: Suspense;

compartilhe

     

você também pode gostar

Resenhas

Se eu fechar os olhos agora

Vídeos

Cilada

Resenhas

Não conte a ninguém