Notas do Livreiro

João Saldanha – que saudade enorme!

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Hoje não vou comentar sobre livros, nem autores, nem histórias bem escritas. Hoje vou falar sobre uma paixão antiga: o futebol.

Desde menino, influenciado por meu pai, meu saudoso e queridíssimo Luiz de Beaurepaire, tornei-me tricolor e fui doutrinado a torcer, gritar, vibrar e acompanhar Copas do Mundo como o evento mais importante da Terra. Tudo bem, esse ano diante de tantas falcatruas políticas, acredito que todos começamos um tanto desconfiados, vestindo a camisa amarela com cautela. Ao menos entre amigos, não encontrei a mesma empolgação dos outros anos quando jogos eram marcados em casas e bares com o devido protocolo. Não. Começamos sem aquela empolgação de sempre. Mas quando a bola rola e o hino desse nosso time chamado Brasil cantado por todos no estádio acontece, tudo muda. E  o coração volta a bater mais forte, a ponto de sonharmos com gols espetaculares e um placar exuberante. Mas, que infelizmente, até agora não aconteceu, pelo menos ainda. Mas acredito em milagres.

Bem, entre tantas memórias históricas e afetivas, trago no meu coração de torcedor um nome que me fala sobre as Copas do Mundo da minha vida, desde menino: João Saldanha.

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A primeira Copa que eu acompanhei foi aos 10 anos, em 1966, quando tive a sorte de estar morando em Três Corações e de ver o Tricordiano Pelé inaugurar uma rua com o ser nome. A antiga Rua Treze passou a se chamar  Rua Edson Arantes do Nascimento - o nosso Pelé.  Nesse mesmo ano, Brasil foi eliminado na Inglaterra na primeira fase da Copa. E me lembro como se fosse hoje, os comentários ácidos do Saldanha à seleção de Vicente Feola. Mas vi o Brasil trazer a taça em 1970, quando nos tornamos Tricampeões. Detalhe. Foi João Saldanha quem nos classificou para a Copa. Seleção que era chamada de "as feras do Saldanha"

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Não preciso entrar em detalhes e lembrar a todos que nesta época estávamos debaixo de uma ditadura, quem pensava diferente do regime era logo cassado. João Saldanha era um dos contestados, temperamento forte, sendo apelidado por Nelson Rodrigues de "João sem medo"; um típico "sem papas na língua".

E porque João Saldanha me veio assim de forma tão próxima, me fazendo voltar à infância: seus comentários, sua verve, suas opiniões sempre bem humoradas, um criador de bordões, muito culto, mas que falava sobre futebol como se estivesse numa roda de amigos, com a simplicidade dos que realmente sabem e dominam a bola. Um sábio. Não perdia um comentário dele. A primeira pergunta que surgia após um jogo qualquer era: o que o João Saldanha disse? Hoje não existem mais João Saldanha, Odemário Touguinhó, Waldir Amaral,  Mario Vianna ( com dois N), Nelson Rodrigues, Mario Filho, Armando Nogueira, Rui Porto, e o saudoso Luiz Mendes (o homem da palavra fácil), e muitos outros. Fim de uma era de glória do jornalismo desportivo. Hoje tudo virou grife. Com algumas honrosas exceções. Tudo bem, "Vida que Segue..."

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E aqui, fica minha homenagem a esse treinador, jornalista, comentarista e um comunicador que sabia falar sobre uma paixão nacional diretamente ao coração de cada um de nós, com um especial do Globo News:

Os que o conheceram vão matar a saudade. Aos que só o conheceram de nome, vale desligar o smartphone e prestar atenção nesse brasileiro. João Saldanha nos deixou em 1990.   Quanto a mim, matei minha saudade de você, João. Você é pra sempre.

 

 


Data: 08 agosto 2016 (Atualizado: 08 de agosto de 2016) | Tags: Texto/Reportágem


João Saldanha – que saudade enorme!

gênero: Texto/Reportágem;

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