Livros > Resenhas

Moda e revolução dos anos 1960

O tema que abordaremos nesta resenha é novo neste espaço. Como o título do livro já nos mostra, é a moda. Sei que muitos poderão estranhar. Mas não estranhem. Adoro o tema. Se eu não gostasse, ou não tivesse uma relação mínima com o assunto, eu jamais colocaria aqui no blog. Mas eu não só gosto como tenho uma imensa admiração por aqueles que fazem moda e teorizam sobre esse assunto.

A roupa que você está usando, por exemplo, neste momento em que está lendo esta resenha, tem uma história. Alguém a desenhou. E você foi numa loja e comprou. Qual a marca da sua roupa? Tudo isso são critérios que fazem parte da democratização da moda, e tudo isso tem uma história. Da linha de montagem até essa roupa chegar ao seu corpo há uma trajetória, uma história. O livro que vamos apresentar hoje se chama “Moda e Revolução nos 1960”, da historiadora Maria do Carmo Teixeira Rainho. Já posso adiantar logo de cara: um livraço!

Qual é a proposta do livro? O livro nos fornece alguns elementos para pensarmos a moda, as sociedades, seus conflitos, suas hierarquias, rupturas e permanências. A historiadora Maria do Carmo Teixeira Rainho nos oferece uma reflexão sofisticada, passando longe das reflexões historicistas de viés positivistas sobre a indumentária, que tendem a reduzir esse importante momento, a década de 1960, a um mero estilo de vida. Mas, como menciona a historiadora Ana Maria Maud na apresentação do livro, “Não é uma obra historicista, mas respeita a historicidade das imagens.”

Para isso, a pesquisadora Maria do Carmo se utiliza de recursos conceituais vigorosos de vários intelectuais brilhantes, entre eles Walter Benjamin, que ilumina com o seu método dialético esse campo de estudo transdisciplinar, possibilitando um entendimento mais acurado sobre o tempo e particularmente sobre o ano 1960, ano crucial na revolução nos costumes, na sexualidade, nas relações de gênero, mas também nas imposições de gosto.

Poderíamos inaugurar nossa prosa dizendo que a moda está associada aos ritmos, às mudanças tecnológicas, culturais, políticas e econômicas. Tais mudanças revelam tendências de comportamentos, tanto individuais como coletivas. Outro aspecto do qual não podemos dissociar a moda é o do consumo, da produção e dos produtores. E o que define tudo isso? O mercado.

A historiadora diz que a moda reinventa o corpo, achando novas formas de encobri-los ou revelá-los, e deixando visível o interessante de ser visto. E podemos ir mais além sinalizando que o corpo é moldado pela cultura, tornando-se sua expressão, conformando desejos e inquietações, quebrando certezas e paradigmas. Mas isso não significa que a moda expressa o espírito do tempo. Essa é uma interpretação bastante comum, que reduz a moda às mudanças de “contexto”, como se a moda estivesse atrelada às ordens sociais, econômicas, políticas e culturais, ou seja, como um reflexo passivo de circunstâncias exteriores a ela, que não a moda mesma. Essa visão esvazia a força criativa da moda, esvazia a capacidade daqueles que fazem moda de perceber os desejos coletivos de romper com o passado, ou mesmo romper com o presente.

É nesse ponto que reside o poder antecipatório da moda, o que chamou a atenção de alguns teóricos culturais, como Georg Simmel, que escreveu um texto em 1895 chamado “A Moda” em que afirma que nas roupas iniciaram todas as mudanças sociais de importância:

 

“O andar, o tempo, o ritmo dos gestos são sem dúvidas determinados pelas roupas, pois pessoas vestidas igualmente se comportam relativamente da mesma maneira.” (citação retirada do livro “Moda e Revolução nos anos 1960” – pg 39)


Charles Baudelaire, em seu ensaio “O Pintor e a vida moderna”, destaca a obra do pintor Constantin Guys como possuidora, entre outras qualidades, dessa “beleza de circunstância”. Ao observar as gravuras de Guys, ele indica aquilo que seria o seu objetivo fundamental: “extrair da moda o que ela pode conter de poético no histórico, de extrair o eterno do transitório”. Se há alguma especialidade no seu tratamento ao tema da moda, é porque ele lhe confere uma função simbólica, que consiste em impulsionar o moderno e produzir objetos capazes de enfeitiçar as massas, e é nesse aspecto que o filósofo Walter Benjamin se aproxima dele dizendo em suas reflexões: “quanto mais efêmera é uma época, tanto mais ela se orienta pela moda”.

Walter Benjamin, em um de seus fragmentos que aborda o tema “Moda” do seu imenso livro “Passagens”, mostra seu interesse “na capacidade de antecipações extraordinárias da moda, ou seja, na possibilidade de se prever determinadas coisas, ou de saber de antemão não apenas as novas correntes da arte, mas também dos futuros códigos, guerras e revoluções”.

 

 

“A revolução Francesa se via como uma Roma ressurreta. Ela citava a Roma antiga como a moda cita um vestuário antigo. A moda tem um faro para o atual, onde quer que ele esteja na folhagem do antigamente. Ele é um salto do tigre em direção ao passado. Somente ele se dá numa arena comandada pela classe dominante. O mesmo salto, sob o livre céu da história, é o salto dialético da revolução, como concebeu Marx.” (citação retirada do livro “Moda e revolução dos anos 1960” - pg 41).


Essa “antecipação” mencionada por Walter Benjamin serve para reforçar a ideia de que o passado não ilumina o presente, nem muito menos o presente ilumina o passado, ou seja, não há uma relação de causa e efeito. Nesse sentido, os empréstimos históricos feitos pelos estilistas de moda têm muito mais conexões com a ideia de “imagem dialética” de Walter Benjamin, o que poderíamos resumir da seguinte forma. Colocam-se duas imagens (passado e presente) criando uma terceira com um significado totalmente novo. A potência da moda como imagem dialética reside nas tensões e conflitos, nos afastando totalmente de uma visão historicista linear.

 

 

“A grande lição de Benjamin segundo (o filósofo, historiador, crítico e arte) Didi Huberman, através da sua noção de imagem dialética, terá sido a de nos prevenir de que a dimensão própria de uma obra de arte moderna – e por que não dizer também da moda? – não se deve à sua novidade absoluta, como se apagasse tudo o que veio antes, nem a sua pretensão de retorno às fontes (como se pudéssemos reproduzir tudo). Quando uma obra – e reitero a pergunta, um estilo, uma nova moda, por que não? – consegue reconhecer elemento do qual procede para ultrapassá-lo, quando o passado e presente se reúnem como uma montagem, criando uma terceira coisa pela justaposição, aí sim teríamos a imagem dialética, uma “imagem autêntica” no sentido de Benjamin” (pg 372)


Outro ponto abordado pela historiadora Maria do Carmo em seu livro diz respeito à fotografia e sua relevância para os estudos de moda. As fotografias de moda não podem ser vistas do mesmo prisma que as fotografias jornalísticas segundo o escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês Roland Barthes, que diz:

“O mundo é fotografado ordinariamente sob a espécie de décor, de um fundo ou de uma cena, em suma, de um teatro. O teatro da moda é sempre temático: uma ideia (ou mais exatamente uma palavra) é variada de uma série de exemplos ou analogias.” (texto retirado de uma citação da autora sobre Barthes em seu livro “Sistema da Moda”).

A revolução industrial no século XIX transformou a moda em algo indissociável da fotografia. As máquinas de costura e os grandes magazines somados à imprensa especializada metamorfosearam a moda em um sistema no qual coleções sazonais eram apresentadas pelos costureiros e seus criadores. Duas revistas tiveram um papel fundamental para a difusão da moda: a Vogue, fundada em 1892, e a Haper’s Bazaar, em 1867.

A Vogue foi criada com o propósito de fazer a crônica social da alta sociedade norte-americana. Mas foi em 1909 que o jovem empresário Thomas Condé Nast transformou-a na mais glamourosa revista de moda do século XX. Nas suas páginas foram publicados trabalhos de famosos fotógrafos, como o Barão de Meyer, Edward Steichen, Toni Frissel, Erwin Blumenfeld, Irving Penn, Richard Avedon, David Bailey, Helmut Newton, Annie Leibovitz, Mario Testino, Steven Klein, Bruce Webber e Herb Ritss e muitos outros.

A figura feminina - a mulher moderna - é presença constante e exibida em poses elegantes em ambientes luxuosos ou exóticos junto de dinâmicos automóveis e imponentes transatlânticos. Chapéus, boquilhas, colares, cachecóis e outros adereços rodeiam-na. É a estética triunfante do Art Déco que se apodera das artes, da tipografia à arquitetura. A revista continua nesse tom ao longo de cerca de duas décadas.

Lançada em 1916 na Inglaterra, suas capas revelam uma grande expressividade. Nessa época tudo é feito à base de ilustrações, belos desenhos, muito próximos à arte vanguardista desse período, com linhas estilizadas, composições geometrizadas, acompanhados de uma tipografia de excelente aparência.

A Haper’s Bazaar é uma revista de moda americana que começou quando o editor Flechter Haper resolveu criar uma revista feminina que abordasse moda e assuntos domésticos, direcionada para a típica dona de casa da classe média americana. Sua primeira publicação se deu em 1867, mas foi em 1932, quando William Randolf Hearst (o barão da mídia que ficou imortalizado no cinema com o filme “Cidadão Kane” baseado em sua história e estrelado por Orson Wells) entra em cena, que a revista rapidamente se torna de grande influência entre as mulheres americanas. No período de 1933 a 1958, sob a direção de Carmel Snow, a publicação promoveu estilismo, fotografia e ilustração.

Sua equipe, que chamava a atenção, incluía o designer gráfico Alexey Brodovitch (responsável pela criação gráfica da revista escrita em “Didot”, um tipo de letra tipográfica personalizada muito antiga, de 1783) e a editora da revista, Diana Vreeland. Além de fotógrafos famosos que trabalharam para a revista, como Hiro, Bruce Davidson e Lilian Bassman e pintores como Salvador Dali, Marc Chagal e o escritor Jean Cocteau.

Essas duas publicações desempenharam um papel relevante no mundo da moda. Outras revistas importantes surgiram, como a revista francesa Elle, criada em 1945 por Pierre Lazareff e sua mulher, Hélène Gordon. A revista surge após as conturbações do pós-guerra, período em que as mulheres precisavam de uma revista nova, moderna e otimista. Seus fundadores imaginaram uma revista “séria dentro da frivolidade e ironia perante o grave”. Foi essa revista que descobriu Brigitte Bardot e apostou em Pierre Cardin. Na década de 1960, lançou sua primeira edição fora da França, não nos EUA, mas no Japão. Foi na década de 1980 que Elle chegou aos Estados Unidos, à Grã Bretanha e ao Brasil com Julie Kowarick, fotografada pelo renomado fotógrafo J.R.Duran.

No Brasil a relação entre consumo e imprensa feminina acontece na década de 1950, graças ao governo J.K. e o seu projeto desenvolvimentista. E particularmente com o boom da indústria têxtil nesse período. O surgimento de publicações femininas desponta em face ao consumo emergente. Entre algumas revistas podemos citar Jóia (1957-1959), Manequim (1959) e Cláudia (1961). Além das revistas ilustradas, como O Cruzeiro (1928-1975), A Cigarra (1914-1956), Manchete e os suplementos dominicais dos jornais, por exemplo, o suplemento Ela do Jornal O Globo. O Jornal do Brasil promove o lançamento da coluna diária Passarela em 1962, editada pela jornalista Gilda Chataigner (dados retirados do livro Moda e Revolução dos anos 1960 - pg 87) e como não poderíamos deixar de mencionar, o Correio da Manhã, que faz parte de sua pesquisa.

A historiadora debruça-se sobre as fotografias do jornal Correio da Manhã, que registram formas de ser e estar no mundo, incluindo a moda e a realidade social repleta de significados no Brasil dos anos 1960. Ao investir no fotojornalismo, sobretudo após 1964, esse importante jornal ajuda a conformar novos padrões de comportamento, de produção e de consumo de vestimentas, difundindo a moda num momento em que esta começa a ser democratizada. Nas imagens do jornal mostradas no livro são preenchidas as funções estéticas, sociais e psicológicas, ligando o corpo ao mundo social. Um detalhe que a historiadora Maria do Carmo Teixeira Rainho percebe no Correio da Manhã é a construção de uma linguagem experimental em que a estética da fotografia, e não apenas as roupas, também dá o tom.

Nessas fotografias podemos ver penteados, estilos e acessórios que ajudam a construir uma narrativa que se coaduna com a difusão de um novo conceito de moda em curso na década de 1960, em que as roupas comunicam uma tensão do coletivo e do individual. A roupa é uma coisa viva que expressa nossas ambiguidades.

No início do século XX, a moda era organizada para cada ocasião, era algo protocolar. Por exemplo, não se podia confundir o vestido usado para o almoço com aquele usado para o jantar, ou com aquele apropriado apenas para jantares especiais; o vestido de festas não era o mesmo vestido de baile; o vestido usado no campo não podia ser confundido com o vestido de passeio. É claro que respeitar todo esse protocolo exigia um alto investimento e dinheiro. Podemos ir mais longe: era preciso um verdadeiro esforço para pertencer a essa alta sociedade dos bem vestidos.

Pois bem, na década de 1910, durante a Primeira Guerra Mundial, Chanel desconstrói os excessos e propõe uma limpeza no “New Look” feminino. Ela subverte a ostentação com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. E o surgimento do que hoje chamamos de "pretinho básico" data de 1926, ano em que a revista "Vogue" publicou uma ilustração do vestido criado por Chanel - o primeiro entre vários que a estilista iria criar ao longo de sua carreira. Durante toda essa década, Chanel lançou uma moda após a outra, sempre com muito sucesso. Trazendo peças do horizonte masculino para suas criações, como blazers, camisas com abotoaduras, capotes, calças compridas, calças folgadas conhecidas como “pantalonas de iate”. Apesar de toda essa simplicidade, os preços passavam longe do acessível. Mas os materiais não eram tão baratos assim.

No início do século XX, alguns produtores de roupas tinham a consciência de que não poderiam sobreviver economicamente produzindo apenas para os consumidores da alta-costura. E assim nasce o prêt-à-porter, que quer dizer “pronto para vestir”, e alcança destaque após a Segunda Guerra, pois os tempos de escassez atingiram vários segmentos, inclusive a moda, cujo mercado focado em alta-costura passava por um processo de pleno declínio.

O cinema terá um papel fundamental na divulgação de um novo estilo através de filmes como “Rebeldes sem Causa”, no qual James Dean interpreta um jovem que questiona a superficialidade da classe burguesa e recusa-se a aderir à vida adulta típica. Os modelos femininos, as divas do cinema (a partir da década de 1950), possuíam uma carga erótica mais forte, eram mais curvilíneas, vestiam roupas mais justas, portando um ar de segurança, sem perder a aura da inocência.
O jeans passou a ter um lugar de destaque no guarda-roupa da juventude e foi ganhando espaço na sociedade americana e exportada para o mundo. Era a peça perfeita para compor um novo grupo de consumidores (baby boomers), que exige roupas baratas e ao mesmo tempo inovadoras. A moda transforma-se em um fenômeno de massas.

Nos anos 1950 começa o processo de ruptura com os valores tradicionais, uma rebeldia trazida do rock n’ roll e seus ícones, como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Chuck Berry, que viriam a influenciar não só o gosto musical de uma geração, mas todo o jeito de vestir de seus fãs. O rock transformou-se em um ponto de encontro da juventude de todas as classes sociais. A moda deixa de ser ditada pelas maisons francesas, e passa a ser ditada pela música, pelo cinema e pela televisão.

A produção, a difusão e o consumo da moda sofreram transformações radicais a partir da década de 1960. Um dos aspectos que deve ser destacado é o surgimento do prêt-à-porter, que possibilitou às camadas médias dos Estados Unidos e, em seguida, da França, além de países como o Brasil, vestirem roupas inovadoras e de baixo custo, utilizando prioritariamente fibras sintéticas, meias de nylon e malha, o que foi consequência desse comportamento e da exigência desses jovens pelo prático, fácil e despojado. Tem início aí uma rejeição à roupa sob medida, confeccionada por alfaiates e costureiras. É o início do casual wear em larga escala.

Nos anos 1960, os Beatles vestiam-se de maneira sóbria, com seus tradicionais terninhos pretos; mas a partir do disco Sgt. Pepper’s Lonely hearts Club Band, o visual muda totalmente. Trajes coloridos com inspiração militar espalham-se pelas ruas, os cabelos crescem e as barbas aparecem. Jimi Hendrix e Janis Joplin misturavam roupas étnicas cheias de patchwork com jaquetas militares douradas.

A grande vedete na moda dos anos 1960 foi, sem dúvida, a minissaia. A inglesa Mary Quant divide com o francês André Courrèges a sua criação. A moda das ruas começou a influenciar o trabalho dos estilistas. Transgredir era a palavra de ordem, porque não seguir a moda significava liberdade. Torna-se impossível não lembrar da revolução da minissaia e do biquíni nas areias cariocas e das vestimentas hippies como marcos de uma época. Toda a rebeldia dos anos 1960 culminaram em 1968. O movimento estudantil explodiu e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo, contestando a sociedade, seus sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética.

Embora as pautas libertárias seguissem caminhos diversos em diversos países, no Brasil lutava-se contra a ditadura militar, contra a reforma educacional, o que iria mais tarde resultar no fechamento do Congresso e na decretação do Ato Institucional nº5. Barbas, bigodes e costeletas compõem a estética de boa parte dos estudantes e não gratuitamente ajudam a compor um visual revolucionário. O ano de 1968 foi uma espécie de síntese dos anos 1960. Na França, Alemanha, Tchecoslováquia, Estados Unidos, Brasil e México jovens se rebelaram contra o autoritarismo.

Paro por aqui. O livro “Moda e Revolução nos anos 1960”, da historiadora Maria do Carmo Teixeira Rainho, é uma aula sobre um assunto ainda desconhecido de muitos leitores deste blog. O livro é uma reflexão que transcende e muito a qualquer resenha que se faça ele. Um livro que merece um lugar de honra na sua estante.

 


Data: 08 agosto 2016 (Atualizado: 08 de agosto de 2016) | Tags: Moda


< Vida e destino Mr. Gwyn >
Moda e revolução dos anos 1960
autor: Maria do Carmo Teixeira Rainho
editora: Contra Capa
gênero: Moda;

compartilhe

     

você também pode gostar

Resenhas

Pequeno Manual de Astrologia & Estilo

Resenhas

“Caderno de roupas, memórias e croquis”: um delicioso livro de Ronaldo Fraga

Resenhas

Backstage